sábado, 24 de dezembro de 2011

NATAL 2011

Companheiros (as), visitantes,


FELIZ NATAL!
    
 Natal!
                                Wilmar Medeiros e Silva

Lembro-me saudoso dos brinquedos...

Dos pastorís, da queima das lapinhas
Do azul e do encarnado, as pastorinhas,
Diana sem partido; e os mil folguedos!

Missa do galo, no quartel, em frente
Dom Hélder, celebrando piedoso,
E os mais velhos, em canto respeitoso,
Louvando a Deus menino, que é presente!

Em novo século e final de ano,
Ritual cristão no milênio terceiro,
Temos Jesus como real parceiro,
Graças a Deus Pai, Criador e Soberano!



Feliz Natal, 1940!
                              Wilmar Medeiros
Setembro, 1940; em plena segunda guerra mundial, tropas do Eixo invadiam quase toda a Europa, excessão dos países da Peninsula
Ibérica governados pelos simpatizantes ditadores, Franco, da Espanha e Salazar, de Portugal, e ainda pela Monarquia  do Rei da ´Grécia, Jorge II.
O medo presente em nossos lares era enorme, em face do estardalhaço dos jornais e das rádios que informavam, em manchetes, as  quedas de Praga, Varsóvia, Bruxelas entre outras capitais. Vivíamos assustados! Eu, menino de 11 anos, aluno aplicado, fui escolhido  o responsável pela leitura do nosso Diário de Pernambuco, em nossa residência, sendo escutado, atentamente por todos, principalmente,            quando dos primeiros torpedeamentos de nossos navios cargueiros e mistos, ao largo de nossa costa, com centenas de mortos indefesos.
A guerra já estava dentro de nossas casas. O que fazer, não sabíamos. O problema estava nas decisões do Presidente Getúlio Vargas e do Ministro da Guerra General Dutra, diziam todos. Rapazes da nossa comunidade foram convocados para treinamento militar no Engenho Aldeia. Todos jovens e bem saudáveis. Honorinho partiu com o primeiro contingente de nossa Força Expedicionária, e...não voltou! A não ser nas solenidades do traslado dos restos mortais de nossos pracinhas, de Pistoia para o Memorial no aterro do Flamengo,RJ. Mas, a vida continuava e como era setembro, os paroquianos da Matriz do Cordeiro, do meu padrinho Padre Lima, eram atendidos e ele cedia o seu enorme terraço de uns cinco por dez metros, da sua casa paroquial, que tinha no fundo um pequeno e aconchegante palco para o ensaio de nosso coral, esquetes e o famoso pastoril e sua mestra Lucila, contra-mestra Zezita e Leda, a nossa Diana. Eu participava do coral, era seu solista, com voz de tenorino, ainda não afetada pela puberdade que estava chegando.Tambem participava dos engraçadíssimos esquetes. Tudo era organizado e dirigido pelas nossas catequistas, pelas Filhas de Maria e pelas Senhoras da Congregação do Sagrado Coração de Jesus. Entretanto, se não fosse a competente orientação do maestro, pianista, compositor e poeta Julio do Carmo, deficiente visial, que escrevia seus poemas e esquetes, na sua querida máquina de escrever Remington, absolutamente nada sairia perfeito. Gostávamos de ver lendo seus livros editados em Braille e difíceis de encontrar nas livrarias do Recife. Julio era um gênio! O pastoril, após exaustivos ensaios, começava as suas aguardadas e queridas apresentações em 1o. dezembro e encerrava em 6 de janeiro, Dia de Reis, com a tradicional Queima da Lapinha: " A nossa, lapinha, já vai se queimar." A plateia, apaixonada e enlouquecida, entre gritos e aplausos, ensurrecedores: é o azul, é o encarnado! Leilões de lindos mimos, nas cores azul ou encarnado, eram arrematados por endinheirados, cada um oferecendo cada vez maiores lances para enaltecer as suas cores. Os leilões rendiam alguns contos de reis, que eram aplicados nas despesas gerais, na ceia de Natal e o saldo de alguns mil  reis ia para o caixa da paróquia do Padre Lima, que a todos abençoava desejando-nos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo em 1941! E já se foram setenta anos!
Wilmar Medeirosx
(Textos transcritos da Antologia de Natal, produzido pela União Brasileira de Escritores - Pernambuco, 2011)

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